Chega o fim do ano e, com ele, uma época de tensão e nervosismo para os professores. É o momento de fechar notas, dar conta de toda a documentação que precisa estar em dia e, ainda, ir para a sala de aula com alunos ansiosos pela chegada das férias...
Nesse momento, o foco no trabalho pedagógico quase desaparece: a preocupação maior é dar conta de diários de classe, papeletas de notas, registros de dificuldades apresentadas pelos alunos... E é nesse ambiente que observamos o quanto estamos presos ao passado. Obviamente, o que apresentarei aqui não é uma regra sem exceções, mas reflete muito do que tenho observado em diferentes redes de ensino.
Nossa sistema educacional, em grande parte dos casos, ainda está no século XIX. A se iniciar pela disposição das salas de aulas: quadradas, com várias cadeiras enfileiradas e o lugar reservado para o professor na frente da sala. E desse para outros aspectos de que falarei em outros momentos. Hoje, quero falar sobre as obrigações burocráticas que sufocam as escolas.
Tecnologia na escola
Muito se fala sobre o uso de recursos tecnológicos na Educação. Há até exageros, colocando a simples adoção de tais recursos como a solução para todos os problemas. Não acredito que o caminho esteja por aí. Acredito que a tecnologia deva ser adotada de forma criteriosa, onde for necessária e não só por se fazer. Acredito, também, que alguns recursos de informática seriam extremamente benéficos no que diz respeito à burocracia escolar.
Para quem não conhece, é bom alertar: por trás do trabalho em sala de aula, há a necessidade de se registrar cada procedimento, cada atividade, intervenção realizada com cada aluno e por aí vai. Frescura, exagero? De forma alguma. O processo educativo necessita mesmo de registros minuciosos, detalhados, como forma de garantir uma educação de qualidade. Mas isso não pode ser a prioridade. Não pode ser um fim em si, como acaba se tornando em algumas realidades escolares. E é nesse ponto que a adoção de ferramentas da informática pode entrar. Se, ao invés de fazer seus registros de forma manual, em que há o risco de rasuras e erros, os professores tivessem acesso a recursos como um diário de classe digital, o ganho de tempo seria imenso. Tempo este que poderia ser utilizada para se colocar a relação professor-aluno em primeiro plano. Dar a esse momento de construção do aprender o protagonismo que merece. A escola precisa entrar de vez no século XXI, pensando, principalmente, naqueles que a "fazem" no dia-a-dia.
Segundo pesquisa do Banco Mundial de 2011, em alguns estados brasileiros os professores perdem até 31% do tempo de aula com tarefas administrativas e burocráticas
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