Algumas questões sobre o mundo da educação brasileira têm me afligido nos últimos meses. Elas vêm da reflexão sobre a realidade que encontro no meu cotidiano em sala de aula e pela comparação com outros modelos e sistemas. Algum tempo atrás eu assisti a uma reportagem sobre a educação das crianças na Suécia que se somou a essas questões. O vídeo é esse aqui embaixo:
Esse vídeo me chamou muita atenção por diversos motivos: a presença de professores homens na educação infantil, o número de alunos, as atividades ao ar livre, a forma como os pais encaram esse sistema de educação...
Vendo um vídeo desse "mundo perfeito" é impossível perguntar-se: Por que aqui não o Brasil não pode ser assim? Por que não seguir bons exemplos como esses?
Para mim, no fim das contas, trata-se de uma questão de cultura. Não quero dizer que nós brasileiros somos um povo sem cultura. Mas trata-se de não termos, enraizados em nossos hábitos, alguns costumes que povos como os suecos têm.
Na educação enfrentamos um problema muito grande de desvalorização dos professores e da Educação em si. Pode-se até dizer que a culpa é do "sistema", mas o que eu vejo no meu dia-a-dia, é que além do "sistema" não valorizar a Educação e seus profissionais, a população também não os valoriza, de uma forma geral. Uma das coisas que mais me espantou quando comecei a lecionar foi a sensação de perda de autoriadade pelo professor. Não estou falando da autoriadade de mandar e ser obedecido, mas na condição de ser uma autoridade em um determinado assunto. O que o professor sabe sobre Educação das crianças não vale muita coisa para grande parte da população. Parece-me que a figura do professor esvaziou-se de valor social: é muito difícil sugerir mudanças de comportamento, de hábitos às crianças e até mesmo orientações específicas sobre as disciplinas escolares e ter sua opinão considerada pelos pais e alunos.
Além disso, existe um sentimento de superproteção das crianças espantoso. Crianças que não podem fazer atividades físicas pois vão se cansar; que não podem pegar uma vassoura para varrer a sala de aula pois isso é considerado abuso pelos pais e, consequentemente, por seus filhos; alunos caminhando pelas ruas?! Heresia!... coisas que me deixam um sentimento de impotência muito grande...
É claro que não trabalhamos com as condições ideais: nossas cidades são grandes se comparadas com as cidades suecas. Nossas escolas abrigam centenas, às vezes até milhares de alunos e professores têm que lecionar para dezenas de turmas diferentes, o que, agravado pela baixa remuneração e a baixa qualidade da formação profissional, complicam tudo. Esse modelo precisa ser revisto. Precisamos deixar esse sentimento de grandiosidade que temos: a maior escola, a maior cidade, etc...porque ainda temos muito que crescer e, talvez, tenhamos que ser menos para ser mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário