Continuando com as postagens sobre o Córrego do Convento Velho, gostaria hoje de falar um pouco a respeito da perspectiva ambiental do problema.
A cidade de Taubaté está localizada no Vale do Paraíba, mas seus habitantes mantêm uma relação pouco íntima com o rio Paraíba. Isso, em grande parte, por que o rio não passa pelo centro urbano da cidade, mas em sua zona rural. Mas, também, pela ausência de políticas públicas educativas, que sensibilizem a população e criem o sentimento de pertença a uma identidade ambiental. Nossa cultura contemporânea ignora, muitas vezes, os aspectos ambientais, geográficos dos espaços que habitamos. Nossas referências de espaço são sempre as referências de obras humanas, ou ainda mais, de estabelecimentos e locais de consumo. Quase ninguém dá como referência de local um rio, um determinado morro ou vale, mas sim, uma loja, um loteamento, uma avenida. Isso é só um reflexo do estranhamento a que estamos submetidos quando o assunto é o espaço natural que habitamos. Para resistir a esse movimento alienante, o Córrego poderia bem ser usado. Ele é um dos nossos elos com o rio Paraíba. E, na minha opinião de leigo no assunto, provavelmente guarda uma relação importante com Paraíba: muito provavelmente, tanto o Córrego “troca informações” com o Paraíba, como o Paraíba influencia o seu afluente. É bem provável que a “saúde” de um interfira na do outro, e vice-versa. Acredito que destacar essa relação contribuiria muito para nos enxergarmos mais próximos do rio que dá nome ao nosso Vale e também tentar resgatar as referências naturais que temos. E, como tudo que conhecemos mais se torna mais querido, talvez tomássemos mais cuidado com a saúde do Córrego e sua preservação.
Importante ressaltar que não possuo dados a respeito das condições de água do Córrego do Convento Velho. Também desconheço que haja alguma análise ou estudo sobre essas águas. Ainda falta pesquisar qual era a fauna típica do Córrego (se havia) e outros usos que ele já teve ao longo do tempo. Contudo, o mais provável é que não haja registros sobre esses aspectos do Córrego, dado o abandono e a destruição em que ele se encontra. Só recentemente algumas mudanças começaram a ocorrer no cuidado com o rio: mais por força de lei do que por iniciativa espontânea de poder público e sociedade.
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